"Gente, parece a de uma garotinha!”, “Mas a sua é assim? Você também depila tudo, tudinho?”, “Caramba, mas cadê o clitór!s e os pequenos lábios que eu não tô vendo?”. Nunca antes na história desta redação a chegada de uma foto por e-mail causou tanto rebuliço quanto a que a repórter Beatrice recebeu de um ginecologista. Era a foto do “ideal
de vagin@ perfeita”: Nenhum pelinho pra contar história, coloração rosada, grandes lábios gordinhos, pequenos lábios discretos e clitóris escondido, apenas com a pontinha à mostra. Mas “vagin@ perfeita”, vamos frisar bem, segundo o padrão estético vigente. Sim, você leu corretamente: a ditadura da beleza chegou até as nossas vagin@s. E é ela (a ditadura, não a vagina) que tem feito mulheres optarem cada vez mais pela depilação total e recorrerem com frequência às cirurgias plásticas íntimas.
Então é isso: foram anos de terapia para internalizar que a gente pode ser feliz como
a gente é, com quilinhos a mais, peitos a menos, cabelos que não são assim uma Brastemp, uma pele assim assim (gente, ninguém é tão bem-resolvida quanto querem fazer crer os politicamente corretos)... Aí a gente de repente descobre que nossa v@gina não está de acordo com os padrões. E durma-se com um barulho desses!
O último relatório do órgão, com dados de 2011, revela que, naquele ano, 9.043 brasileiras entraram na faca para corrigir o que consideravam imperfeições nos lábios vagin@is – na maioria das vezes redução de pequenos lábios. O número corresponde a mais de 16% do total de labioplastias no mundo! Para o ginecologista Paulo Guimarães, que realiza cerca de 900 procedimentos como esse por ano, as indicações reais de cirurgia são “desconforto ao vestir roupas justas ou andar de bicicleta”. O resto é pura encucação estética.
Agora: o corpitcho, os cabelos, o rosto a gente exibe para Deus e todo o mundo o tempo todo. Mas a vagin@ a gente só mostra entre quatro paredes, para poucos e bons – ok, há exceções, mas isso é uma outra história. Então por que diab0s o visual dela virou uma questão assim tão importante?
A psicanalista e escritora Regina Navarro Lins tem sua teoria: “Mais uma vez, são as mulheres querendo se ajustar ao que elas supõem que os homens querem. Não é diferente do que faziam as gueixas, que espremiam os pés em sapatos minúsculos para ficarem atraentes aos olhos masculinos”, compara. “Porque, ao contrário do que acontece com os homens, que associam o ideal masculino de força e poder ao tamanho do pên!s, no universo feminino vagin@ não tem nada a ver com competição. A gente não fica mostrando os lábios vagin@is umas para as outras no banheiro de uma festa. Se mulheres se submetem a procedimentos cirúrgicos, é na tentativa de ficarem lindas para eles”, critica.
fonte:http://revistaglamour.globo.com/Amor-Sexo